Nefrite Lúpica

# Introdução: 

O Lúpus Eritematoso Sistêmico (LES) é uma doença autoimune sistêmica caracterizada pelo ataque do próprio sistema imunológico aos seus órgãos e tecidos. Dentre os órgãos que podem ser afetados, os rins são frequentemente acometidos, sendo o seu envolvimento chamado de nefrite lúpica. 

Sua apresentação inicial pode variar desde alterações urinárias assintomáticas até quadros de insuficiência renal com necessidade de realizar diálise. 

Avanços tecnológicos, novas medicações e terapias imunossupressores, todavia, tem melhorado a qualidade e sobrevida desses pacientes. 

#  Epidemiologia: 

O LES é mais comum em mulheres do que em homens na proporção de 10:1. No entanto, daqueles pacientes que já tem o diagnostico de LES, não há diferença no acometimento da nefrite lúpica entre homens e mulheres.

Aproximadamente 38% dos pacientes abrem o quadro de LES com o acometimento renal e cerca de 40-60% dos pacientes portadores de LES vão apresentar alguma anormalidade renal durante a evolução da doença. 

Daqueles pacientes, por sua vez, que apresentam nefrite lúpica, aproximadamente 10% vão desenvolver doença renal crônica com necessidade de diálise ou transplante renal. 

# Sintomas: 

Devemos relembrar, em primeiro lugar que a nefrite lúpica pode ocorrer em até 40-60% dos pacientes diagnosticados com LES, em qualquer momento da sua evolução. 

Outro aspecto importante a ser destacado é que a Nefrite Lúpica é caracterizado pela proteinúria maior que 500 mg/24h e/ou por alterações no exame de urina. 

Os sintomas nefrite lúpica podem ser desde surgimento ou piora do controle da hipertensão arterial, edema (inchaço) em face, membros inferiores (perna e coxa), urina espumosa, dentre outros. 

# E a biópsia renal? 

De modo geral, a biópsia renal está indicada para o paciente que apresenta proteinúria maior que 500mg/24h, exame de urina alterada (ex: hematúria) e/ou elevação da creatinina no sangue. No entanto, cada caso precisa ser individualizado considerando a história clínica do paciente. 

# Monitorizando a nefrite lúpica 

TODO paciente com LES precisa realizar o rastreio laboratorial para nefrite lúpica, uma vez que alterações urinárias assintomáticas podem ocorrer. Desse modo, um exame de urina simples, exames de sangue com creatinina devem sempre ser monitorizados.

Já no paciente com diagnóstico de nefrite lúpica em tratamento, alguns parâmetros clínicos e laboratoriais precisam ser monitorizados. Dentre esses, a proteinúria, creatinina sérica, antiDNA, C3, EAS. Esses exames ajudam a monitorizar e entender o grau de atividade da doença renal. 

# Tratamento: 

É individualizado para cada paciente, pois depende da classe da nefrite lúpica. 

Nefrite lúpica classe 3 e 4 há um tratamento de indução onde é feito doses mais elevadas de medicações imunossupressores. obtendo uma rápida remissão da atividade imunológica e prevenindo o desenvolvendo da doença renal crônica. Após a fase de indução, inicia-se a fase de manutenção, menos agressiva e que se estende por um período mais longo para evitar a recidiva da doença. 

Nefrite lúpica classe 5, por outro lado, com a presença de proteinúria nefrótica (acima de 3,5g/24h), pode se beneficiar de outro esquema de medicações imunossupressores. 

# Terapia coadjuvante

Além da terapia imunossupressora, devemos estar atentos a outros fatores que podem interferir diretamente na função e sobrevida do rim.
Dentre essas medidas, controlar a pressão arterial, dislipidemia (elevação do colesterol), mediadas para osteoporose, vacinação para evitar infecções (principalmente para pneumococo, influenza, no entanto algumas vacinas como as de vírus vivos atenuados são contraindicados), uso da hidroxicloroquina, dentre outros

# Conclusão: 

A nefrite lúpica é uma complicação frequente do LES. A suspeita desse diagnóstico se dá através de sintomas como inchaço, urina espumosa, sendo confirmado através de exames de sangue, urina ou por meio de uma biopsia renal, quando indicado. A partir desse diagnostico uma estratégia terapêutica direcionada é traçada para evitar complicações da nefrite lúpica e a cronificação da doença renal. 

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Sobre mim

Graduado em Clínica Médica pelo Hospital Federal de Bonsucesso e em Nefrologia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (URFJ).

Membro da equipe de Nefrologia e Transplante Renal do Hospital São Lucas Copacabana, além de ser Diretor Médico de clínica satélite de diálise.

Especialista em atendimento nefrológico ambulatorial desde 2019, onde busca realizar uma consulta humanizada aliada com o conhecimento científico e técnico. 

Filipe Kruger - Doctoralia.com.br

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