Avaliação da Função Renal no Consultório
Uma grande dúvida e preocupação que os pacientes tem quando procuram o consultório do nefrologista é saber se “os rins estão funcionando” e “qual a porcentagem de funcionamento do rins” ou até mesmo se essa valor é para os dois rins ou apenas para um.
Para entendermos um pouco melhor, precisamos compreender mais sobre a função do rim e quais mecanismos possuímos para estimar a função renal.
O rim tem diversas funções no nosso organismo, que abrangem desde funções metabólicas, endócrinas e excretórias. Para entender um pouco mais sobre essas funções do rim clique no link abaixo sobre “O rim e suas funções”. O fato é que, não importa qual seja a causa, quando há um dano a função dos rins isso pode ser avaliado de diferentes maneiras.
A maneira mais conhecida pelos pacientes, sem dúvidas, é a creatinina dosada no sangue. A creatinina é o produto final do metabolismo da creatina e da fosfocreatina que são encontradas exclusivamente no músculo. Isso significa que a massa muscular pode interferir diretamente no seu resultado, logo, fatores como gênero, idade vão impactar e influenciar o valor da creatinina. Por exemplo, geralmente a mulher como tem menor massa muscular que o homem e um paciente idoso menos massa muscular que um adulto jovem e consequentemente tendem a ter uma valor de creatinina menor. Além disso a dieta também pode ter algum grau de influência nessa variabilidade no valor da creatinina. Por esses motivos então, o valor isolado da creatinina não deve ser utilizado para fazer a avaliação da função renal.
Então como posso estimar a minha função renal de maneira mais fidedigna?
Para isso, podemos lançar mão de algumas ferramentas. A mais simples e prática é através de fórmulas que foram validadas por estudos que estimam a Taxa de Filtração Glomerular, que nada mais é que um nome rebuscado para “função renal”.
A fórmula que utilizamos hoje em dia é a CKD-EPI (Chronic Kidney Disease Epidemiology Collaboration), que estima a função dos rins através de dados como creatina sérica (dosada no sangue), cistatina C, idade e gênero (masculino ou feminino). A partir da junção desses dados podemos estimar a função dos rins (Taxa de Filtração Glomerular) em valores que nos permitem entender o grau da doença renal, prognóstico, possíveis complicações e a melhor forma de tratamento para reduzir a velocidade de progressão da doença renal crônica.
No entanto, em alguns pacientes, com extremos de peso corporal, amputados, portadores de doenças hepáticas, dentre outros, a avaliação da função dos rins por meio de fórmulas não se apresenta como a melhor opção devido a variação da creatinina nesses pacientes. Nessas situações podemos utilizar a coleta de urina de 24 horas para estimar com mais precisão a função renal. A urina de 24h deve ser realizada coletando todo o volume de urina durante um período de 24h ( a partir da segunda urina do dia até a primeira do dia seguinte) para avaliação no laboratório. O resultado liberado permite a avaliação da Taxa de filtração glomerular, ou seja, da função dos rins, possibilitando o entendimento da doença renal crônica e a proposta terapêutica necessária.
Em resumo, a creatinina sérica isoladamente não é um bom parâmetro para avaliação da função renal. Para esse objetivo utilizamos de fórmulas que levam em consideração o valor da creatinina, idade, gênero ou ainda a urina de 24 horas para melhor estabelecer a função renal.
Esse post tem o caráter informativo e educativo, porém não substitui uma consulta médica com o especialista. Cada paciente possui peculiaridades que precisam ser consideradas, examinadas e diagnósticas em consulta médica.